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Umbanda ou Fantasia?

Posted onsetembro 30, 2024outubro 3, 2024 ByAcauã Suankyara Nenhum comentário em Umbanda ou Fantasia?

Muitos se dizem umbandistas, mas poucos conhecem, de fato, a Religião Brasileira Umbanda. Há aproximadamente 26 anos, uma entidade com a qual eu trabalhava como cambono, o Pai Preto, nos disse, numa reunião com poucos participantes da Casa, que as pessoas procuravam ali apenas a fantasia e não a religião em si. Eu não entendi muito bem, então o amado Preto Velho nos disse que provaria seu argumento e pediu que anunciássemos que deixaríamos de atender com entidades incorporadas e que passaríamos a atender apenas com a Linha do Oriente, utilizando apenas Cristais.

 

Naquela época, a Corrente contava com 15 médiuns e alguns poucos cambonos, sendo que os médiuns acompanhavam o Pai Antônio há muito tempo e outros eram recém-chegados ao C.E.U.P.P. – “Centro Espírita de Umbanda Pai Preto”. O que posso afirmar é que, pouquíssimo tempo depois, não mais do que dois meses, sobraram apenas o Pai Antônio e eu, atendendo uns poucos “gatos pingados” que ainda frequentavam a Casa.

Numa das reuniões mais tristes para mim pessoalmente, o Pai Preto provou sua tese e disse que ali encerraríamos os trabalhos do C.E.U.P.P., mas que poderíamos chamá-lo a qualquer tempo que ele nos atenderia. O tempo, como sempre, seguiu seu curso, e meu Pai Antônio e eu procuramos uma Casa, um cantinho para trabalharmos naquilo que amamos: a caridade da UMBANDA. Foram incontáveis visitas a Casas de Umbanda, ou que se diziam de Umbanda.

Chegamos a cruzar a cidade (São Paulo é ENORME) para visitar Terreiros e Tendas de Umbanda. Algumas Casas eram muito acolhedoras, com pessoas gentis e atenciosas, porém, faltava algo: fundamento, firmeza de propósitos e, às vezes, “sobravam” coisas como cobrança por água do mar, por trabalhos; enfim, não era a “nossa” Umbanda.

A essa altura, eu me desencantei. Meu Pai Antônio, já contando com muitas primaveras, também cansou de procurar a “nossa” Umbanda e foi trabalhar num Centro Espírita, com a Linha médica. A entidade que o acompanhava era o Dr. Albert, um médico russo, linha dura, mas extremamente consciente e caridoso com as pessoas. Eu cheguei a trabalhar um tempo com ele nesta Casa Espírita, mas minha natureza era outra: eu amo o som dos pontos e os “perfumes” característicos da amada Umbanda.

Mas por que eu contei toda essa história, ainda que seja uma ínfima parte de tudo o que vivi na Umbanda? Para chegar ao ponto de afirmar que o Pai Preto, mesmo tendo passado todos esses anos, AINDA TEM RAZÃO! Eu passei por três Casas nos últimos 20 anos e, em todas, encontrei pessoas maravilhosas e com objetivos nobres; a caridade foi feita material e espiritualmente, MAS a fantasia ganhou.

A Umbanda que aprendi é uma religião extremamente simples, desinteressada de assuntos materiais. Seu objetivo foi, é e sempre será o reequilíbrio dos seres para que possam realizar seus compromissos terrenos e espirituais nesta encarnação; o socorro aos espíritos perdidos e desequilibrados, recolocando-os no Caminho da Luz para que possam se ajudar e nos ajudar no equilíbrio de Gaia.

A Umbanda que amo é uma religião de humildade, onde a única cor de roupa é a BRANCA! São admitidos, sim, alguns aparatos para a caracterização de Linhas de trabalho espiritual, mas que, com certeza, não precisam de tecidos caros, coloridos, enfeitados com pedrarias, plumas e paetês. Um Terreiro não precisa ter grandes metragens para ser forte; sua força não é desta dimensão. Não que eu critique Casas que, por mérito de seus membros, sejam grandes. Meu ponto diz respeito à necessidade moderna de ter casas grandes, cheias de enfeites e ornamentos que nada têm a ver com a Umbanda e com a caridade.

Infelizmente, mas não sem um propósito, houve uma grande mistura de ritos e rituais trazidos para a Umbanda de sistemas religiosos que não fazem parte dela. Não estou me referindo somente ao Candomblé, que respeito como a todas as outras religiões; a cada aluno é dada a sua sala de aula. Refiro-me a elementos e hábitos introduzidos na Umbanda que nada agregam e, muito pelo contrário, apenas confundem as mentes mais humildes, justamente aquelas a quem a Umbanda veio esclarecer. Triste.

Como outras grandes religiões, a Umbanda começou a ser vista como um “ganha pão”, uma forma de enriquecer e, o mais triste de tudo, como forma de poder sobre as demais pessoas. Ao contrário do que foi anunciado pelo Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas (para quem NÃO existem caminhos fechados), os mais humildes estão ficando de fora, pois não conseguem participar de um grande número de Casas, não apenas pelas mensalidades (que acho justas para a manutenção da Casa, desde que voluntárias), mas por não conseguirem participar de festas e obrigações, devido aos altos custos implicados. Absurdo.

Alguns autores chegaram até mesmo a fundar cursos e mais cursos sobre os mais variados temas dizendo serem de Umbanda, mas que, no fundo, só tinham desvios da Missão de Umbanda, visando lucro e fama. A fama, que é vaidade, é, por sua vez, a maior ARMADILHA para os umbandistas. Quantas bobagens se ouve hoje em dia em palestras de “umbandistas” e na abertura de trabalhos de “casas de Umbanda”? Mistura-se um monte de assuntos que, ao fim e ao cabo, nada têm a ver com religião; são apenas a apresentação da face vaidosa de alguns dirigentes.

Aquela nossa Umbanda, cujas giras eram realizadas em garagens, em edículas nos fundos de quintais, onde aprendemos a sermos humildes, a fazer por amor e nada mais, ainda que, como humanos, sintamos sim orgulho por ajudar, e fiquemos felizes por sermos ferramentas que servem, de fato, ao Plano Espiritual na Amada Umbanda; aquela Umbanda ainda existe, tenho certeza, mas está cada vez mais difícil encontrá-la.

Ainda existem um sem-número de assuntos relacionados, mas por enquanto, paro por aqui.

Acauã Suankyara

30/09/2024 – 01h27

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